Alberes
de Siqueira Cavalcanti
INTRODUÇÃO
Há
muito que a educação formal vem sendo praticada com uma única preocupação: o
conhecimento. Na escola ensina-se tudo o que está relacionado ao conhecimento,
à instrução. É lá que os alunos vão aprender as regras gramaticais, as
operações matemáticas, os acontecimentos históricos, os elementos químicos, as
leis físicas, etc. etc; A educação escolar efetivamente é formal. Dela o aluno
pode sair como uma verdadeira enciclopédia, com informações sobre quase tudo.
Quase tudo, pois a questão central do processo educativo do ponto de vista
pedagógico, a formação do ser humano, termina por ficar esquecida num canto
qualquer da sala de aula. A dicotomia existente entre conhecimento e vida salta
aos olhos. O que se aprende na escola parece não relacionar-se com a vivido: o
que é pior, o aluno, esta criança que tem na escola um dos seus primeiros
passos de socialização, passa por esta instituição parte de sua vida e com
raras exceções recebe uma formação que vise o seu desenvolvimento enquanto
pessoa e cidadão. Não é que a escola deva descuidar-se da transmissão do
conhecimento. É que o conhecimento é apenas uma parte e não o todo da formação
humana. Enquanto humanos, somos seres sociais e políticos. Convivemos com
outros indivíduos, temos uma vida pública. E não é simplesmente,a formação
intelectual, o conhecimento, que nos ajuda na construção de novas relações
sociais e de um convívio que aponte para uma sociedade mais humana porque mais
justa e solidária. Disto decorre a necessidade de repensarmos as práticas
educacionais em termos de ética e cidadania. Ética e Cidadania na Prática
Educacional não tem a pretensão de ensinar aos profissionais da educação como
fazer educação para a cidadania. A intenção é apresentar reflexões, exemplos,
sugestões de se pensar uma prática educacional diferenciada pela preocupação
ética e cidadã. Neste sentido, ressaltamos os Parâmetros Curriculares
Nacionais, como uma proposta a ser pensada com carinho por todos que querem
fazer educação para a cidadania e ter na escola um convívio mais ético.
Acreditamos, por fim que ele é um instrumento, uma, espécie de manual, que pode
auxiliar aos técnicos educacionais e professores nas suas atividades. Mas não é
uma receita de bolo que dispense os profissionais da reflexão e da criação.
Nesse caminho somos todos aprendizes onde o,caminho vai sendo feito pelo
próprio caminhar.
O
que é ética?
A origem da
palavra ética vem do grego "ethos", que quer dizer o modo de ser, o
caráter. Os romanos traduziram o "ethos" grego, para o latim
"mos" (ou no plural "mores"), que quer dizer costume, de
onde vem a palavra moral. Tanto "ethos" (caráter) como "mos"
(costume) indicam um tipo de comportamento propriamente humano que não é
natural, o homem não nasce com ele como se fosse um instinto, mas que é
"adquirido ou conquistado por hábito" (VÁZQUEZ). Portanto, ética e
moral, pela própria etimologia, diz respeito a uma realidade humana que é
construída histórica e socialmente a partir das relações coletivas dos seres
humanos nas sociedades onde nascem e vivem. No nosso dia-a-dia não fazemos
distinção entre ética e moral, usamos as duas palavras como sinônimos. Mas os
estudiosos da questão fazem uma distinção entre as duas palavras. Assim, a
moral é definida como o conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes,
valores que norteiam o comportamento do indivíduo no seu grupo social. A moral
é normativa. Enquanto a ética é definida como a teoria, o conhecimento ou a
ciência do comportamento moral, que busca explicar, compreender, justificar e
criticar a moral ou as morais de uma sociedade. A ética é filosófica e
científica. Portanto, constantemente no nosso cotidiano encontramos situações
que nos colocam problemas morais. São problemas práticos e concretos da nossa
vida em sociedade, ou seja, problemas que dizem respeito às nossas decisões,
escolhas, ações e comportamentos os quais exigem uma avaliação, um julgamento,
um juízo de valor entre o que socialmente é considerado bom ou mau, justo ou
injusto, certo ou errado, pela moral vigente. O problema é que não costumamos
refletir e buscar os "porquês" de nossas escolhas, dos
comportamentos, valores. Agimos por força do hábito, dos costumes e da
tradição, tendendo a naturalizar a realidade,social, política, econômica e
cultural. Com isto, perdemos nossa capacidade crítica diante da realidade. Em
outras palavras, não costumamos fazer ética, pois não fazemos a crítica, nem
buscamos compreender e explicitar a nossa realidade moral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário